Introdução às Ervas

Ervas armazenadas, photo by Ignis Spiritum

                 
Desde os inícios dos tempos, a humanidade tem-se servido das propriedades de diversas plantas tanto com fins medicinais e terapêuticos como com intuitos mágicos e extáticos. Desde as práticas xamânicas de indução de estados alterados de consciência, pela utilização de plantas com propriedades psicoactivas, até aos fármacos actuais que se servem das substâncias químicas das mesmas, parece que sempre foi um dado adquirido tanto para a sociedade moderna como para os antepassados primitivos, que formas de vida vegetais seriam portadoras de capacidades capazes de motivar diversas modalidades que a humanidade tenderia a objectivar.
Ainda hoje nas práticas da magia para o amor, prosperidade, curandeirismo, limpezas e defumações, etc., diversas plantas são utilizadas em função da sua pertença astrológica e elemental. Isto é, cada planta pode ser enquadrada, segundo as suas características, num determinado grupo que é alinhado ora com a sua associação planetar, ora com a sua ligação a um elemento específico, ou ainda a um género. Um exemplo, ainda que simplificado, que ilustra claramente esta organização das ervas será o Alfazema que é associado ao elemento Ar e ao planeta Mercúrio, tendo ainda também uma associação ao género masculino. Para percebermos isto convém explicitar como estas propriedades mágicas estão presentes nos seres vegetais: ao invocarmos alguma característica de uma determinada planta para alcançarmos um objectivo (seja ele de que natureza for), temos que estar conscientes que não é apenas o corpo físico da planta que constará na acção, mas a sua especificidade energética ou, se preferirem, o seu corpo ou contraparte etérica. Isto remete-nos, imperativamente, para a perspectivação da planta não meramente como um constituinte físico de propriedades químicas mas também como possuidora de um corpo etérico com características e capacidades delineadas. Neste sentido, conseguimos perceber que a apanha das ervas deve obedecer a toda uma estrutura ritualística que compreende desde as fases da Lua, as horas e dias da semana apropriadas a cada uma delas, à forma como a recolhemos e o que damos em troca à Natureza, até à especificidade ritualizada de colecta que algumas delas, segundo algumas Tradições, anunciam. Nesta lógica, convém frisar que é a partir do respeito e da preservação destes parâmetros estruturais, mais ou menos transversais de uma forma ou de outra entre vários caminhos da Arte, que será possível o alcance mais são do todo necessário da planta em questão. No caso das plantas com propriedades psicoactivas e indutoras do voo xamânico, esta contraparte etérica não deixa de ter relevância embora o seu efeito no corpo e consciência do adepto seja o mais importante.
Assim, motivamos fortemente a apanha do indivíduo das suas próprias ervas, pois obedecendo às etapas ritualisticamente indicadas para cada planta, ele obterá um organismo físico e etérico com mais capacidades do que os adquiridos em lojas. É verdade que nem todas as ervas são facilmente conseguidas, e essas poderão ser compradas, na falta de melhor alternativa. Mas sempre que possível o adepto deverá colher, secar e armazenar as plantas que necessitará para o seu percurso mágico.
Dadas algumas nuances básicas que devem ter-se em conta nesta sempre interessante e antiga área do saber, devo acrescentar que nesta secção trataremos de vários aspectos seja sob a forma da abordagem de plantas individualmente, seja sobre formas do herbalismo. Todavia, devo também anunciar que não pretendemos tornar este blogue num how to make it yourself, daí que incentivamos bastante os nossos leitores à pesquisa e aprofundamento do que vamos pincelando nestas humildes linhas, para que não se sintam constrangidos pela direcção que eventualmente poderiam assumir que os incitaríamos.
Cada um deve procurar, na Natureza e no Seu próprio Interior, as respostas que permitirão desbravar o caminho sinuoso da Arte.

         Texto por Ignis Spiritum
# Partilhar : Facebook Twitter Google+ Linkedin