Imbolc


Imbolc é uma festividade pagã que se celebra por volta do dia 1 de Fevereiro, profetizando a Primavera, anunciando com isso a chegada dos dias mais longos. Como tal, é aqui perceptível uma maior presença do Deus Sol renascido em Yule, que irá governar os dias grandes no caminho para a Primavera. É importante perceber a evolução dentro da Roda do Ano no que respeita ao Deus, para posteriormente percebermos a sua importância durante esta época, quando o sol alto nos cobre com a luz do fogo celeste.
Para percebermos, vivermos e desfrutar-mos da Roda do Ano é importante que façamos uma cronologia de acontecimentos ao longo do Ano Pagão para que possamos criar uma ligação entre todos os acontecimentos, festividades e sabbats. Quando falamos da Morte como celebração aos Antepassados em Samhain (31 de Outubro), falamos também da Morte Transfiguratória, que eventualmente se dará no percurso entre Samhain e Yule (~21 de Dezembro). Portanto, se Yule significa o nascimento do Deus Sol, quando renasce do Submundo, onde esteve escondido desde Samhain, então claramente existe aqui a passagem de um Ciclo Velho para um Ciclo Novo. Quando acaba o Velho e começa o Novo, cabe a cada iniciado meditar sobre o assunto, dependendo das tradições a que este está sujeito, dependendo da área geográfica onde desenvolve o seu trabalho mágico, e dependendo ainda das convicções como caminhante da noite, que lhe trará os atavismos correspondentes para que possa sentir da melhor forma o início de um Novo Ciclo.
 Como podemos perceber, se entre Samhain e Yule se dá o início de um novo ciclo, então é aqui que assistimos à Morte Transfiguratória do Eu, e assistimos também ao Renascimento do nosso espírito, ao lado do Deus renascido das profundezas do Submundo, do Ventre da Mãe Terra. Em Imbolc, sendo este Sabbat um prenúncio da Primavera, naturalmente ainda temos a presença do Inverno frio e escuro, e, portanto, podemos deduzir que esta época ainda é representativa do Senhor da Morte, o Deus que traz consigo a chama entre os cornos, prometendo o florescimento da natureza até à Primavera. Em algumas ideologias pagãs mais modernistas está patente a ideia de que aqui o Deus passa para um nível superior de aprendizagem no que respeita às artes físicas, pela mão da Deusa, e não está de todo incorrecto, porém, é necessário perceber que esta ideia não é totalmente transponível ao que acontece na Natureza, até porque o Inverno impera de forma derradeira. O que temos que entender nas entrelinhas de tudo isto é que esse renascimento e crescimento do Deus não é mais do que um pronúncio à Primavera, prometendo o renascer da Natureza, mesmo que o Inverno seja parte desse Deus Renascido da Morte.
Na Primavera o Deus é visto e sentido como o jovem caçador viril, portador da sexualidade reprodutiva, já com a força da plena juventude, com os cornos de cervídeo, significando o espírito animal que encontramos nas florestas. É o Deus que, pelas Mãos da Deusa, alimentou-se da força física e cresceu, por altura de Imbolc, para entrar numa nova época.
Existe aqui uma particularidade importante a se perceber, que é o facto de ser a Deusa, a Senhora Mãe, que torna possível este crescimento (crescimento não só ligado aos dias desta época, que se alongam, como também relacionado com o próprio iniciado nas viagem pelos sinuosos trilhos da Bruxaria). Este crescimento dá-se pela Luz da Deusa Divina, pela Mãe, e a Divindade Feminina torna-se tão ou mais importante que o Deus durante esta época, não por ser simplesmente a Mãe Terra que faz renascer a força do Seu Filho, sendo então a Senhora da Protecção onde o iniciado se refugia durante o frio de Inverno (à vista de alguns pensamentos new-age), mas mais do que isso, é a Divindade que permite toda e qualquer evolução nesta fase do Ciclo Anual. Tal como a Deusa é “descoberta” devido à Luz fulgurante do Deus Sol, em cada Lua Cheia, aqui é o Deus que cresce pelo alimento da Deusa, pelo nutriente que O faz tornar-se o jovem caçador. Esta Luz que provém da Grande Deusa é símbolo do Fogo Interno da Terra, do Ventre da Mãe, que permite o nascimento e, por sua vez, o crescimento. Portanto, com esta visão, Imbolc é, desde tempos arcaicos, conhecido como o Sabbat da Luz da Grande Mãe, sendo-lhe associadas as velas como o regresso da Luz, que nos permite o crescimento até à Primavera, onde tudo irá renascer no que respeita à agricultura e à fertilidade Animal. Imbolc prenuncia então esta época, onde o iniciado começa a caminhar pelos emaranhados trilhos do dia e da noite, crescendo e aprendendo as artes físicas como processo de crescimento individual nas Artes Antigas da Bruxaria.

         Texto por Carneo
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