Litha



O Solstício de Verão é uma celebração pagã que se festeja desde tempos imemoriais, por volta do dia 21 de Junho, aquando a chegada do Verão. Esta celebração, no que respeita ao divino é puramente masculina, pois simbolicamente é aqui que o Deus se encontra no seu auge físico, pleno de robustez e virilidade. Nesta celebração estamos perante o dia mais longo e a noite mais curta do ano, e a partir daqui os dias alongam-se, onde o Sol nasce mais cedo e põe-se mais tarde.
É nesta época que estamos perante o Sol quente do Verão, onde o Fogo tem uma importância enorme, seja o fogo per se, seja uma simples vela ou até mesmo o fogo simbólico, representando a Luz da Sabedoria que o Bode Azazel traz entre os cornos. Esta época não é simplesmente o renascer para a exaltação hormonal, mas é também uma época de abertura espiritual, especialmente aos caminhantes da Velha Arte, para que possam dessa forma receber a Luz do Conhecimento trazida pelo Deus Bode. Assim sendo, a humanidade feita do barro, aquela que é moldada pelas mãos do sistema opressor da igreja católica, aquela que se limita ao meio mundano como objectivo de vida, é a sociedade que apenas sente a exaltação hormonal e a sexualidade impondo-se pelo prazer das vivências sexuais por excelência, já que a própria natureza da época permite isso mesmo a qualquer animal; enquanto que a humanidade feita do lume sagrado, não só sente no corpo as mudanças que o Verão traz consigo, as metarfoses da roda do ano, tal como podemos ver nas narrativas do Sabat no Submundo, tendo em conta as orgias entre bruxas e bruxos onde importa apenas o prazer carnal, como também sente e recebe no próprio corpo e espírito a Luz do Conhecimento, a Gnose Sagrada escondida na Luz ofuscante do Deus Sol, como foi referido anteriormente.
Hoje são relatadas vivências pelos Druídas em celebrações solsticiais, em que os Stonehenge têm uma importância incortornável, por terem sido construídos de maneira a se alinharem de forma precisa com o nascer do Sol nos Solstícios, porém nada nos indica que foram os Druídas os construtores destes monumentos da Idade do Bronze. Tal como outros monumentos megalíticos, como é o caso dos menires, os Stonehenge estão construídos por cima de cruzamentos de Linhas de Ley, onde existem pontos de poder e energia telúrica que é transportada para o exterior da terra. É interessante compreender que estes monumentos sagrados não foram construídos em qualquer local, mas sim em cruzamentos de Linhas de Ley, que só na história mais recente da humanidade foi descorberto que essas linhas telúricas são pontos enormíssimos de energia da terra. Como tal, os Stonehenge são então um monumento muito importante na celebrações solsticiais, porque recebem por um lado a energia que vem do Sol, existindo um alinhamento perfeito na sua construção, e por outro lado por receberem essas forças telúricas que a Terra nos oferece.
Em Portugal existem algumas tradições que nos transportam para esta celebração, como é o caso da festa de S. João Batista, celebrada durante esta época, onde a fogueira tem uma importância comum principalmente por todo o norte do país, e ainda os balões que são lançados ao ar nesta noite, que são uma simbologia ao Deus Sol. Também o alho-porro, símbolo fálico da divindade masculina, é usado na noite de S. João, para bater nas cabeças de pessoas do sexo oposto, e tendo ele um cheiro intenso e menos agradável, será também um caminho para a transcendência e asselvajamento animal a que a própria época nos remete.
Esta é então uma época de abertura espiritual, onde o caminhante da noite está mais propício a receber as memórias atávicas, precisamente por se encontrar numa época em que o asselvajamento lhe assalta o corpo, estando dessa forma mais próximo da consciência xamânica tão importante neste processo de abertura corporal e espiritual.
 
Texto por Carneo
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